De Poté com destino a todo o Brasil

“Vi o seu anúncio no Circular 04B”. “Vi o seu anúncio no 4501”. “Vi um papel no ônibus escrito para assistir ao seu vídeo”. Esses são alguns dos comentários postados no vídeo “Meu Biscoito”, de Oldair Costa, um músico que teve uma ideia simples, mas desenvolvida com afinco: divulgar o seu trabalho por meios de plaquinhas pregadas nos veículos de transporte público de Belo Horizonte.

Quem passa pela passarela do metrô no bairro Santa Efigênia ou pelo Terminal Rodoviário no Eldorado, com certeza já viu um pedaço de papel, pendurado no galho de uma árvore (no caso da primeira estação) ou afixado no orelhão. A escrita é curta e objetiva: “MEU JABÁ. Assistam no Youtube” / “MEU BISCOITO. Acessem no Youtube”. A “propaganda” já rendeu mais de 30 mil visualizações somente nesses dois vídeos.

Natural da cidade de Poté (MG), Oldair Costa tem esse jeitinho mineiro de “comer pelas beiradas”. Aos 48 anos, o representante comercial, não desiste da música. Além das plaquinhas, envia seu trabalho para emissoras de rádio e TV e realiza, ele mesmo, a venda de seus CDs. Preocupado em agradar, ele liga quantas vezes forem necessárias para saber se as informações já são suficientes e “Quando mesmo aquela matéria será publicada?”.

O músico descreve seu estilo como Música Popular Brasileira e tem como principal influência o cantor Djavan. Já possui quatro álbuns gravados. “Expresso Brasileiro”, “Trans-ceder”, “Bico Fino” e “Sozinho e Deus”, este em voz e violão.

Vive atualmente em Belo Horizonte com a sua esposa, Mirian, e o filho Henrique, de 16 anos. Sobre seu trabalho com a música, costuma declarar, brincalhão: “Não sou músico independente. Sou músico dependente… de patrocínio!”.

 O primeiro instrumento musical de Oldair Costa foi fabricado por ele mesmo. “Aos 12 anos improvisei o meu próprio violão usando uma lata de óleo, uma tábua de madeira e linha de pesca. Acho que foi aí que iniciei a minha carreira”. De lá para cá, não parou mais. A arte da improvisação e da criatividade também sempre o acompanharam. Para de destacar no meio musical, ele produz as próprias capinhas para seus CDs, reciclando materiais que encontra na rua. “Sempre soube que para ser artista, era preciso ser diferente”, reflete. Além disso, ele demonstra certa preocupação ambiental e entrega, com o seu cartão de visita, três sementes de pau-brasil.

Com todo esse trabalho, Oldair Costa mostra que é preciso mais que talento na era de sucessos rápidos. É necessário buscar inovação e características marcantes. Isso é o que não falta para o artista, que causa curiosidade nos moradores de BH com suas plaquinhas, e entrega peças únicas com suas capinhas artesanais. “Sinto que, com isso, as pessoas estão reconhecendo o meu trabalho, a minha arte.”