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JN – O comando do jornalismo brasileiro

Em meados da década de 90, o telejornalismo da TV aberta não passava por sua melhor fase. As novidades da área estavam na TV fechada.

No dia 15/10/1996, vai ao ar a primeira transmissão da Globo News, um canal com conteúdo 100% notícias.

Embora a TV aberta não oferecesse novos caminhos, com a TV privada foi possível a criação de novos formatos com agilidade e aprofundamento da notícia. Isso porque agora havia canais especializados em jornalismo.

Através de parcerias entre grandes emissoras, novos canais voltados para nichos específicos são criados, como, por exemplo, o Canal Rural, primeiro a exibir conteúdo exclusivamente agropecuário.

Com a criação de novos canais, a queda na audiência do maior telejornal brasileiro era inevitável. Ainda assim, o Jornal Nacional, que chegou a picos de 70 pontos de audiência, se mantinha na faixa de 32 pontos.

Para Eugênio Bucci, a queda na audiência, nada mais era que a representação da democracia e do avanço da modernidade: com mais opções, o público se divide entre os diversos canais. Foi nessa época que o JN, segundo o escritor e jornalista Alberto Dines, mudou para melhor.

Em 1997 o JN apresenta uma reportagem sobre uma truculência policial na Favela Naval em Diadema. O vídeo de um cinegrafista amador vai ao ar. É o começo do jornalismo colaborativo. Para José Marques Melo essa reportagem demonstrava que a Globo estava respondendo aos anseios da sociedade civil. Pela primeira vez a emissora não ouvia somente fontes oficiais, mas também a voz do povo.

O JN, assim como jornais de outras emissoras, passava por um processo de reorganização em sua estrutura para atender às novas demandas do telespectador.

Entretanto, o JN passa por novas mudanças. Em 1998 recruta o casal Bonner para a bancada, já que eram os jornalistas que mais tinham empatia com o público. Além disso, passa por mudanças nas notícias. Fatos importantes são lugar aos acontecimentos na vida das “celebridades”.

Paulo Henrique Amorim chegou a afirmar que o JN havia deixado as notícias de lado e passara a servir apenas como trânsito entre as novelas. Apesar disso, o JN ainda continua a ser o mais assistido do Brasil.

Ao longo dos anos o JN foi se adequando ao perfil de novos telespectadores. A saída de Fátima Bernardes e a entrada de Patrícia Poeta retratam isso – um público que anseia por uma apresentadora mais nova e carismática.

As mudanças, entretanto, não são sempre positivas. Como jornal de maior audiência, o JN comanda o que os brasileiros ouvem e vêem. Como disse Ricardo Teixeira à Daniela Pinheiro em uma entrevista para a revista piauí: “Se não deu no Jornal Nacional, não aconteceu”. Eis o retrato da imprensa brasileira!

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